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Divulgação

Morre o ex-ministro Delfim Netto, aos 96 anos, em São Paulo


Foto: Alexandre de Oliveira

Morreu na madrugada de hoje (12) o ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento Antônio Delfim Netto, aos 96 anos. Ele estava internado desde o último dia 5 no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

A assessoria de Delfim não informou a causa da morte. Em nota, diz que ele morreu "em decorrências de complicações no seu quadro de saúde".

Delfim Netto deixa filha e neto. Não haverá velório aberto, e seu enterro será restrito à família.

Biografia de Delfim Netto

Antônio Delfim Netto foi um professor, economista, político e diplomata brasileiro, que esteve à frente do Ministério da Fazenda durante boa parte da ditadura militar no Brasil. Ele implementou medidas que desencadearam o "milagre econômico" - período de amplo crescimento econômico nacional, que focaram na atração de capital externo e avanços do Produto Interno Bruto (PIB).

Delfim ficou marcado também por ter sido um dos signatários do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), de dezembro de 1968, que endureceu o regime militar e permitiu a perseguição a rivais políticos do governo. Após o fim do regime ditatorial no Brasil, Delfim foi deputado federal por São Paulo por 20 anos.

Também manteve relação próxima com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, embora tenha sido filiado ao Partido Progressista (PP) e ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) —à época, PMDB. Na década de 1970, foi embaixador do Brasil na França por três anos.

Ditadura militarA ascensão política de Delfim ocorreu após assumir, em 1966, a Secretaria da Fazenda em São Paulo, durante a gestão do governador Lauro Nadel. Então, em 1967, deixou o cargo para tornar-se ministro da Fazenda no mandato do general Artur da Costa e Silva.

Foi um dos signatários do Ato Institucional nº 5 (AI-5), decreto da ditadura militar que deu ao presidente da República o poder de suspender direitos políticos de qualquer cidadão, intervir nos governos estaduais e municipais e cassar mandatos eletivos. Este período ficou conhecido como o mais sangrento da Ditadura Militar no Brasil.

Como ministro da Fazenda, foi o nome do "milagre econômico", em que a facilidade de empréstimos impulsionou o consumo e a produção de bens duráveis em território nacional, especialmente eletrodomésticos e automóveis. As medidas fizeram a economia brasileira crescer cerca de 11% ao ano, mas o período também ficou marcado pelo aumento da concentração de renda no Brasil.

Delfim é o autor da célebre frase de que é preciso "fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo", defendendo que primeiro era necessário impulsionar o PIB para depois dividir a riqueza entre a população. Esta última etapa não aconteceu.

Permaneceu como ministro da Fazenda durante o mandato de Emílio Médici, e deixou o cargo na gestão de Ernesto Geisel para ser embaixador do Brasil na França, entre 1974 e 1978.

Quando retornou ao Brasil, o período de grande crescimento econômico e inflação baixa já tinha perdido o fôlego, e ele assumiu o Ministério da Agricultura por cinco meses, seguido do Ministério da Secretaria do Planejamento da Presidência do Brasil em condições econômicas menos favoráveis. Nessa última passagem, contribuiu para a negociação da dívida externa elevada com os credores estrangeiros e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem conseguiu empréstimo de US$ 6,5 bilhões.

Após o período militar, Delfim se tornou deputado federal por São Paulo, cargo que exerceu por 20 anos, entre 1987 e 2007.

Depois disso, aproximou-se de Lula no segundo mandato do petista na Presidência da República. Em 2007, Delfim foi nomeado por Lula como membro do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), o "Conselhão".

Professor e acadêmicoA vida pública de Delfim começou em 1959, quando passou a integrar a equipe de planejamento do governo do estado de São Paulo, à época comandado por Carlos Alberto de Carvalho Pinto. Mas antes de se tornar um dos principais ministros da Ditadura Militar, ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (USP) em 1948, e logo depois de formado tornou-se professor assistente na mesma instituição.

Também foi Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Tornou-se professor catedrático da USP em 1963 - cargo mais alto em uma carreira docente universitária -, e foi o primeiro ex-aluno da faculdade após a regulamentação da profissão de economista a conquistar o cargo.

Como contribuição acadêmica, desenvolveu pesquisas voltadas ao planejamento governamental e teoria do desenvolvimento econômico. Segundo a USP, Delfim defendia ideias da teoria neoclássica e era keynesianista no plano macroeconômico.

Investigações e Lava JatoO economista foi acusado por procuradores da República de receber propina durante a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, depois de ter seu nome citado em delação premiada durante a Operação Lava Jato.

Como parte das investigações na Operação Buona Fortuna, Delfim teve R$ 4,4 milhões bloqueados pelo Ministério Público Federal em 2018, para devolver parte da propina total de R$ 15 milhões que teria sido destinada a Delfim nas obras da usina de Belo Monte, no Pará.

Delfim afirma que os milhões recebidos durante a construção da usina foram em consultoria para a criação do consórcio que venceu o leilão da usina.


Fonte: Conteúdo MS

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